segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Junco e o Cipreste.


Castro Alves foi quem traduziu a poesia "O Junco e o Cipreste", do escritor chileno Guillermo Gana, que retrata um diálogo entre a planta flexível e a frondosa árvore conífera. 

O poema foi citado hoje na Palestra "Redação Forense e Elementos da Gramática", do Prof. Eduardo Sabbag, que numa indicação metafórica diz que ou seremos "juncos", suscetíveis às influências externas, ou "ciprestes", em sua pujança impassível.

O JUNCO E O CIPRESTE.
(D. Guillermo Gana (tradução de Castro Alves)
 Ao Lúgubre cipreste em voz plangente
O junco melancólico dizia:
— Que triste sorte a minha!
Ergui-me tão alegre e tão contente
Quando a alvorada vinha!
E já sem força e já sem energia
Curvo a cabeça... E lânguido e sozinho
Sinto que vou morrer. Ah! por que a sorte
Dando-te vida, só me guarda morte?

E o cipreste dizia:
A dor foi sempre eterna,
Mas a fortuna só perdura um dia!

E o junco respondia:
Em ti simbolizaram a tristeza,
Em mim somente o anelo
Dos que no amor esperam.
Como é que nunca dobras a cabeça,
Nem a raiva das chuvas e dos ventos
A cor sequer te alteram?

Daqueles que de tudo desesperam
Para lembrar a lúgubre aflição,
Só existe uma cor, disse o cipreste...
E se jamais tu viste
Curvar minha folhagem para o chão...
É que desprezo o mundo baixo e triste
E mergulho a cabeça n'amplidão.

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