kartódromo de Irati
Vista parcial da Cidade
A cidade onde nasci completou 102 anos de emancipação política em 15 de julho.
Terra de minhas melhores histórias, seu nome vem da língua indígena Tupi: ira = mel; ty = rio.
Terra de meu avô, José de Andrade Leite, que com seus incontáveis bolsos e papéis nunca optava por caminhar pelas calçadas. Terra onde conheceu Carlita Messias, que eu não conheci, mas guardo em meu coração. Terra onde fundou nos anos 50, junto com seu irmão Alfredo (Doca, pai do Marco Leite), a Rádio Difusora, furiosa como ela só...
Terra de Virginia Leite, que um dia a todos surpreendeu ao se inscrever como enfermeira voluntária e como tal foi parar na Itália em plena Segunda Guerra. Vestindo aquela farda única, repleta de medalhas e comendas, chegava à Escola convidada para fazer Palestras. Encarnava o civismo em pessoa, como até hoje: ‘ela é minha tia, ela é a Tia Santa’, eu contava orgulhoso antes do Hino.
Terra de pinheirais, de frio intenso, de geadas, de água congelada em canos.
Terra do 'tádormindo', da 'juja', do 'candinho coruja'.
Terra do caminhão 'Mistura' do Jolcir e das aulas de piano da Professora Beatriz, onde iniciei aos seis anos e parei aos seis e meio.
Terra do meu Pai jogando pelo azulão, dos jogos assistidos aos domingos no Cel. Emílio Gomes, no Fioravante Slaviero, no Riozinho, em Guamirim, na chácara do Kominski, na vizinha Lida e depois no Batatão, com Orreda e Jacopeti, mesmo não tendo jogado nada de coisa nenhuma.
Terra de corridas de kart nas ruas: rodoviária, praça da bandeira, até a construção do kartódromo em 1973, cujos traços têm a criatividade do Marco Leite.
Terra da Farmácia Pessoa, da Farmácia do 'Seu Luiz', da Farmácia do "Vico".
Terra das Canisianas, Irmã Maria Luiza, tão marcante, em cujo colégio ia de carona com o Cezar no carrão importado do Tadeu Smolka e um dia aquela imensa porta voltou e levou parte de uma unha, quase o dedo (a outra parte o ‘Seu Luiz’ se encarregou de tirar).
Terra do Grupo Escolar Duque de Caxias, que teve como diretora Cornélia Messias e, em meu tempo, Matilde Nascimento, como Professoras Laurita Betezek e Clari Pedro. Sem falar na Roseli, que em casa me educou e no ‘Duque’ a tantos ensinou.
Terra do Colégio São Vicente, onde havia um Professor ‘Pardal’, a Professora 'Zeza' e a Professora Lydia Rocca nos levava a fazer jogral (que o diga ‘Athos Afonso’!). Aulas de Literatura ao som de Vinicius com Padre Venutto, grande figura que passou por Irati e que também foi professor da Fernanda Torres no São Vicente do Rio de Janeiro, lá no Cosme Velho, onde o visitei e almoçamos juntos num refeitório com mais uns 40 padres, alguns deles pioneiros do Colégio de Irati.
Terra dos ‘maçãs’, ‘tomates’, ‘saladas’, ‘saladinhas’, ‘cebolas’, ‘cebolinhas’, ‘biducas’, ‘vermelhos’, ‘sapos’, onde havia ‘tumba’, ‘boneca’, ‘leroy’, ‘cascão’. Terra também do meu amigo ‘pantera’, que é Paulo, é Roberto e é Pedro, parceiro de mudança para Curitiba (faz um tempinho!) junto com Canesso e Maneco Kopp, todos indo morar na kit do ‘nenumba’... (ah, se ela falasse!!!).
Terra de amores passados, de tantos amigos, alguns que viraram compadres e se eternizaram, como meu irmão Canesso e seus carros, principalmente o calhambeque inigualável. Terra da discoteca do Comércio com o Som Eclipse montado pelo Canesso, Maçã e Sid.
Terra onde aprendi a aprender. Terra do homem que mais se aproximou, para mim, da idéia de médico da família: Dr. Fornazari. Terra de Edgard Gomes, de Emílio Gomes, de João Mansur. Terra que se vangloriava de concentrar poder, poder este que ao longo do tempo não contribuiu para seu crescimento efetivo. Talvez tenha se dado o contrário.
Terra hoje administrada pelo Sergio Stoklos, amigo de infância e coxa-branca antes mesmo de nascer, que sempre tinha um jogo de camisas do Coritiba para a turma vestir nas 'grandes pelejas'...
Terra do Hino que o Pai do Birinha, Silvio Ribeiro, compôs em 1957 para o Cinqüentenário e que se transformou no Hino do Município em 1983.
Terra de minha irmã Andrea, generoso anjo da guarda de pessoas e de animais, que em Irati permanece mantendo vivo o vínculo com nossa Terra, que nos acompanha em todos os lugares.
Terra de onde saí há quase 30 anos e até hoje encontro minhas melhores lembranças, as da infância.
102 anos de emancipação. História de vida de tanta gente.
(com imagens do site da Prefeitura Municipal)
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Além da interessante descrição da cidade e a riqueza detalhada de suas lembranças as imagens são perfeitas.Ótimo texto!
ResponderExcluirIRATI - rio de mel
ResponderExcluirIR A TI - devagarinho
como lá a vida é
onde há tempo para sonhar
e tempo de realizar!
Também tenho toda uma infância e adolescência em Irati. Padre Marcelo Mota Carneiro, Irmã Emília... Tia Laurita Betezek, Dona Matilde...Comungo suas lembanças. Como era boa a vida em Irati!
Agradeço a mensagem. Realmente foram bons tempos. Sobre Pe. Marcelo, há pouco tempo me noticiaram seu falecimento. Não foi meu Professor, mas sua capacidade intelectual, principalmente o domínio do idioma, era de todos conhecida.
ResponderExcluirIrati terra dos caboclos do contestado... trabalhadores das serrarias e olarias... terra dos moradores do bairro formiga.. vila matilde...
ResponderExcluirterra das fontes de agua de São João Maria (monge do contestado)
Oi tioooooo... quanto tempo hein... O pai me mandou o seu blog... vi sua foto... não lembrava da sua fisionomia, mas lembrava de sua risada... foi bom ler e lembrar de todos os tios da minha infância... hoje tenho pouco contato com eles... apenas alguns vejo com frequência... Cuidei do Ombro de seu pai estes dias... sou filho do Maçã... e vcs me chamavam de Newton Batata hehehehehe um grande abraço pra vc...
ResponderExcluirMuito bom te ler e saber-te Iratiense de alma e coração.Sou da terrinha e sinto-me feliz sempre que deparo com conterrâneos,feitos você,que preservam ainda o cordão umbilical que os une com êste vale de tantas histórias.Se o amigo quizer conhecer alguma coisa sobre êste que vos fala,entre no Google,digite "Iratiense" e siga em frente.Ficarei feliz com sua visita.Um fraterno abraço.
ResponderExcluirQue pena, Padre Marcelo se foi! Ele foi um grande amigo da família betezek, e sempre estava nos dando sua presença. Fiquei sabendo hoje por este blog. Tia Laurita Betezek (Sabim) ainda está viva e mora em Curitiba. Na vila São Paulo.
ResponderExcluirTodos os betezek's antigos já se foram, Maria, Helena, Brasilio e Pedro.
Eu sou josé Fernando Betezek, moro em campo Largo - Pr. Sou presidnete do Vale do Amanhecer (www.valedoamanhecer.net.br) obras sociais com abragência internacional. Lutamos pela evolução, pelo conhecimento e pela valorização humana e espiritual. Tinhamos planos de construir um sede em Irati, muitos são os pedidos que vem delá, mas em se tratando de uma entidade sem fins lucrativos, São Francisco de Assis e Clara de Assis, não temos muitos recursos para tal obra. Talvez quem sabe um interessado queira ingressar na ordem e levar todo este conhecimento cientifico espiritual para Irati.
Nossa sede é em Brasília - DF, cidade com mais de 45 mil habitantes, 24 horas por dia de atendimento social gratuito.
Um forte abraço aos amigos e companheiros de jornada.
José Fernando Betezek
Publcitário, jornalista e escritor de várias obras.
Junior, achei teu blog "no susto". Gostei bastante. Mas melhor do que ler sobre Irati e estar em Irati. Abraco.
ResponderExcluirKarla Osinski Ferreira
Saudade de você!!!
ResponderExcluirHoje tive uma crise de saudade da infância e no google encontrei teu blog. Maravilha, lembrar os bons e felizes tempos....coincidentemente, hoje meu pai completa 93 anos, e os mais madurinhos....com certeza lembram do Álvaro, o barbeiro, que cortou o cabelo dos menininhos muitos e muitos anos....
ResponderExcluirEstou procurando fotos mais antigas da cidade, do ano de 1956 pra frente, se tiver algumas, por favor, me manda... librabr@hotmail.com
Felicidades!!!!