sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A sensibilidade...


Ontem comprei mais dois novos livros do Quintana: "A cor invisível" e "Porta giratória".

- No segundo há um texto de Armando Freitas Filho sobre Mario Quintana:

"Mario Quintana, poeta considerável, às vezes, não foi lido com propriedade, pois atribuíram ao seu verso repentino a leveza do vôo sem lastro. Ao contrário, o escritor que morava em hotéis em sua cidade, talvez para experimentar a sensação insólita de ser uma espécie de viajante ou hóspede passageiro de si mesmo no seu próprio chão, escrevia, sim, como quem respira, mas reparem bem: a respiração era de fumante, que entre uma tragada e outra refletia, a fundo, pensando alto, sobre a humana condição. Neste volume vamos achar de capa a capa, a marca lírica o autor, presente em todas as páginas, e que poderia ser o seu ex-libris: a de uma espécie de flor heráldica, mas móbile, feita e desfeita pelo fio da fumaça do cigarro pensativo, que se transforma em formação de nuvens ao vento, no azul do céu acima.

- Do primeiro transcrevo Jardim interior (parece tão "simples"(!):

"Todos os jardins deviam ser fechados,
Com altos muros de um cinza pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre os vermelho dos cravos.
O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente."

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