quinta-feira, 17 de junho de 2010

"CURITIBA É A MÃE. (Alice Ruiz).


A cidade onde se nasce é como nossa mãe. E falar da mãe não é fácil. Mãe nunca nos ama o bastante. Mãe sempre nos ama demais. Ora mima, até quando a gente está errado. Ora castiga, até quando a gente está certo. Ora ignora, mesmo quando a gente está brilhando. Ora arrasa, principalmente, quando já estamos arrasados. A nossa cidade, como a mãe, é vista, às vezes, com os olhos do amor, às vezes com os olhos da mágoa. Por isso, se eu disser que Curitiba é uma moça bonita, sempre limpa, bem educada, bem vestida e perfumada, vai parecer que é coisa de filha apaixonada. Se eu disser que ela tem andar duro e ar emburrado e frio, só pra que ninguém pense que ela é fácil, vai parecer que sou uma filha ingrata. Então, proponho que você a veja com seus próprios olhos. Mas, cuidado, entre sua beleza e sua frieza você pode, depois de conviver algum tempo, ser adotado por ela. E aí é pra sempre, porque mesmo quando a gente se muda, a cidade, como toda mãe, nunca vai embora. E a cada vez que se volta é com o nosso próprio fantasma, de outros tempos, que a gente se depara. Depois não venha dizer que eu não avisei.

Alice Ruiz.

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