segunda-feira, 21 de junho de 2010

21 de junho. Solstício de inverno no hemisfério sul e de verão no hemisfério norte.


Os acontecimentos astronômicos mais facilmente observáveis por todos os povos da Terra, de qualquer que seja seu nível cultural, são sem dúvida as fases da lua, os solstícios e os equinócios.

Durante os solstícios, o sol parece deter sua marcha de um hemisfério ao outro. Precisamente, "solstício" deriva do latim que significa "o sol se detém". Por exemplo, para nós nesta data o sol parece deter sua marcha para o sul, chegando a sua máxima proximidade de nosso hemisfério.

Sabemos que estes são movimentos aparentes do sol, já que na realidade é a Terra que se move. O efeito é um resultado dos movimentos de translação e inclinação do eixo terrestre.

Além de girar em torno de seu eixo, a Terra desloca-se no espaço com um movimento de translação em torno do Sol, quando descreve uma elipse. Para o observador situado na Terra, todavia, é como se esta fosse fixa e o Sol se movesse em torno dela, seguindo um caminho que é chamado de eclíptica.

Em sua marcha em torno do Sol, a Terra, descrevendo uma elipse, ficará mais próxima ou mais afastada do astro da luz. O ponto mais próximo (147 milhões de quilômetros) é o periélio; o mais afastado (152 milhões de quilômetros) é o afélio. Se a Terra, no movimento de translação, girasse sobre um eixo vertical em relação ao plano da órbita, as suas diferentes regiões receberiam iluminação sempre sob o mesmo ângulo e a temperatura seria sempre constante em cada uma delas. Mas, como o eixo é inclinado em relação à órbita, essa inclinação faz com que os raios solares incidam sobre a Terra segundo um ângulo diferente a cada dia que passa. E, assim, vão se sucedendo as estações: verão, outono, inverno e primavera.

Como os planos do equador terrestre e da eclíptica não coincidem, tendo uma inclinação, um em relação ao outro, de 23 graus e 27 minutos, eles se cortam ao longo de uma linha que toca a eclíptica em dois pontos: são os equinócios. O Sol, em sua órbita aparente, cruza esses pontos ao passar de um hemisfério celeste para outro; a passagem de Sul a Norte marca o início da primavera no hemisfério Norte e do outono no hemisfério Sul; a passagem do Norte para o Sul marca o início do outono no hemisfério Norte e da primavera no hemisfério Sul. Esses são os equinócios de primavera e de outono.

Por outro lado, nos momentos em que o Sol atinge sua maior distância angular do equador terrestre, ou seja, quando é máximo o valor de sua declinação, ocorrem os solstícios. Os dois solstícios ocorrem a 21 de junho e a 21 de dezembro; a primeira data marca a passagem do Sol pelo primeiro ponto do trópico de Câncer, enquanto que a segunda é a passagem do Sol pelo primeiro ponto do trópico de Capricórnio. No primeiro caso, o Sol está em afélio e é solstício de verão no hemisfério Norte e de inverno no hemisfério Sul; no segundo, o Sol está em periélio e é solstício de inverno no hemisfério Norte e de verão no hemisfério Sul. Portanto, o solstício de verão no hemisfério Norte e de inverno no hemisfério Sul, ocorre quando o Sol está em sua posição mais boreal (Norte); o solstício de verão no hemisfério Sul e de inverno no hemisfério Norte ocorre quando o Sol está em sua posição mais austral (Sul).

Por herança recebida dos membros das organizações de ofício, que, tradicionalmente, costumavam comemorar os solstícios, essa prática chegou à Maçonaria moderna, mas já temperada pela influência da Igreja sobre as corporações operativas. Como as datas dos solstícios são 21 de junho e 21 de dezembro, muito próximas das datas comemorativas de São João Batista (24 de junho) e de São João Evangelista (27 de dezembro), elas acabaram por se confundir com estas, entre os operativos, chegando à atualidade. A primeira Obediência maçônica do mundo foi fundada em 1717, no dia de São João Batista.

Graças a isso, muitas corporações, embora houvesse um santo protetor para cada um desses grupos profissionais, acabaram adotando os dois “São João” como padroeiros, fazendo chegar esse hábito à moderna Maçonaria onde existem, segundo a maioria dos ritos, as Lojas de São João, englobando, aí, os dois santos.

Essas datas solsticiais estão representadas num símbolo, que é o Círculo entre Paralelas Verticais e Tangenciais. Este significa que o Sol não transpõe os trópicos, o que sugere que a consciência religiosa do Homem é inviolável; as paralelas representam os trópicos de Câncer e de Capricórnio e os dois “São João”.

Tradicionalmente, por meio da noção de porta estreita, como dificuldade de ingresso, evocam-se as portas solsticiais, estreitos meios de acesso ao conhecimento, simbolizados no círculo cósmico, no círculo da vida, no zodíaco, pelo eixo Capricórnio-Câncer, já que Capricórnio corresponde ao solstício de inverno e Câncer ao de verão (no hemisfério Norte, com inversão para o Sul). A porta corresponde ao início, ou ao ponto ideal de partida, na elíptica do nosso planeta, nos calendários gregorianos e também em alguns pré-colombianos, dentro do itinerário sideral.

O homem primitivo distinguia a diferença entre duas épocas, uma de frio e uma de calor, conceito que, inicialmente, lhe serviu de base para organizar o trabalho agrícola. Graças a isso é que surgiram os cultos solares, com o Sol sendo proclamado como fonte de calor e de luz, o rei dos céus e o soberano do mundo, com influência marcante sobre todas as religiões e crenças posteriores da humanidade. E, desde a época das antigas civilizações, o homem imaginou os solstícios como aberturas opostas do céu, como portas, por onde o Sol entrava e saía, ao terminar o seu curso, em cada círculo tropical.
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